2022-03-14
Foi a conversa com duas amigas que a ideia se anunciou. E como a Selma Monteiro o que não lhe falta são ideias e espírito empreendedor foi pouco o tempo que demorou a pô-la em prática. Dois anos depois já são poucos os moradores do bairro Abelheira que não lhe conhecem o sorriso e a mão que estende a todos os que precisam de ajuda. Seja numa ida às compras ou para lhes amenizar a solidão.
Mãe solteira, temporariamente desempregada, Selma Alexandra de Abreu Monteiro, 33 anos, não tem dúvidas quanto à vocação que lhe fez mudar a sua e principalmente a vida de muitos a quem compra leite e ouve estórias. A quem agradece por lhe encherem de alegria o coração quando aceitam a sua ajuda.
“Ajudar o próximo faz-me feliz. Nem que seja dando algum do meu tempo para ir a um supermercado comprar produtos de primeira necessidade, como um pacote de leite, ou para me sentar a ouvir estórias de vida. Crescer com quem já vivenciou estórias da comunidade é gratificante. São sensações únicas que me preenchem o coração porque tomo consciência de como um pequeno gesto pode fazer a diferença na vida dos outros”, revela a jovem natural de Quarteira, cidade que gostaria de poder palmilhar todos os dias em busca de quem dela precisa. Porque este tornou-se o seu sonho maior.
“Gostava de fazer mais. Se pudesse percorria Quarteira para ajudar mais pessoas. Para ouvir estórias, dar um abraço a quem esta só”, confidencia Selma Monteiro, que reconhece ser ainda fraca a adesão à causa humanitária nas nossas sociedades.
“Penso que poderíamos fazer mais pela comunidade, pelo próximo. Temos muitos idosos sem família, sem alguém que os oiça.
Muitas dessas pessoas sentem-se sozinhas, desamparadas. Temos crianças sem um brinquedo no seu aniversário. Sem um caderno para a escola”, lamenta a jovem, a quem os dias também não são fáceis. Mas desistir não faz parte dos seus planos.
“No início deparei-me com algumas situações que quase me fizeram desistir, mas ao perceber que havia quem já sentisse a minha falta e como é gratificante para mim ajudar o próximo... Saber que a minha presença é importante para as pessoas a quem faço companhia e ajudo é uma sensação incrível. Darmos um pouco de nós aos outros e percebermos que mudamos o dia dessas pessoas que, só de nos verem se sentem felizes, é muito bom mesmo. E dá-nos forma para continuar”, assegura a jovem que, em Quarteira, consegue fazer deste um mundo melhor.